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Socorrei-me, Senhor e vida minha,
a fim de que não venha a morrer na minha maldade.
Se não me criásseis, não existiria;
criastes-me, passei a existir;
se não me dirigirdes, cessarei de existir.
Não foram encantos ou méritos meus
que vos compeliram a dar-me o ser,
senão a vossa infinita munificência.
Suplico-Vos, pois,
que aquele mesmo amor
que Vos compeliu à minha criação,
possa igualmente compelir-Vos a reger-me;
porquanto, que aproveita haver-Vos
o vosso amor compelido a criar-me,
se eu morrer na minha miséria,
privado da direcção de vossa destra?
Obrigue-Vos, Senhor,
a salvar-me essa mesma clemência
que Vos levou a tirar do nada
o que jazia no nada;
vença-Vos em libertar-me a caridade
que Vos venceu em criar-me,
pois não é hoje menor este vosso atributo
do que era então.
A caridade sois Vós mesmos,
que sempre sois e não mudais.
Não se Vos encurtou a mão,
que não possais salvar-me;
nem se Vos endureceu o ouvido,
que não mais Vos seja dado ouvir-me.
Amén.
Retirado de Capela Santo Isidoro
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